Eu
tenho uma amiga que sempre me pergunta porque que eu vivo mentindo para as
pessoas. Bom, ela diz mentindo no sentido de que eu não sou muito de mostrar
quando eu estou triste ou zangada ou irritada com raiva – acho que ela não sabe
que eu minto em outras coisas também. Sempre que ela me pergunta isso eu
geralmente não tenho resposta, mas aqui vai uma:
As
pessoas se preocupam. E eu odeio que as pessoas se preocupem comigo, ou que
prestem atenção em mim, ou que minimamente achem que eu preciso de ajuda,
porque na minha cabeça, eu não preciso de ajuda nenhuma – e eu sei que isso tá
estupidamente errado. As pessoas se preocupariam muito mais comigo se eu
dissesse e expressasse como eu me sinto todos os dias, porque eu sou uma
completa bagunça de sentimentos mistos que mudam a cada frase a cada barulho a
cada toque. Então pra felicidade e consenso geral eu só engulo todo o choro,
conto até 10 e boto qualquer música bem animada pra chegar em sala de aula
rindo e dançando como eu faço todos os dias, e sinceramente ninguém nota, e
sinceramente eu não ligo.
Mas
às vezes tudo se acumula sabe? É como botar poeira pra baixo do tapete, você
sabendo que um dia vai ter que levantar aquela porra e tirar toda aquela poeira
e que isso vai precisar de três banhos e uma garrafa inteira de antialérgico,
mas você faz mesmo assim, e quando termina se sente bem, se sente completamente
bem.
E
também, quem é que iria se aproximar de mim se eu demonstrasse tudo isso? Mesmo
que eu diga que “ah, dane-se pessoas, não
preciso de pessoas, vivo bem sozinha” eu sei que preciso das pessoas pra
auto afirmar qualquer coisa aqui dentro, e as pessoas se atraem por pessoas
felizes, e é isso que eu dou à elas todos os dias, uma menina feliz que
eventualmente se estressa mas que, nah, não precisa ligar pros estresses porque
tá tudo bem.
A
pior parte, na verdade, é quando falam de mim, uma coisa que adoram fazer. Não
sei qual é o verdadeiro motivo, mas eu sempre sou mal falada nos lugares –
talvez porque, de tanto choro engolido, meu filtro não é bem colocado e eu sou levemente bastante grossa – e isso traz
mais ainda aquela nossa velha amiga insegurança a tona.
Essa
minha mesma amiga diz que eu minto mal pra caralho, que é óbvio ver quando eu tô
mal e quando eu não tô, mas só que a maioria das pessoas não liga ou finge que
não vê. Às vezes eu acho que ela tá certa, mas às vezes eu acho que é só ela
que se importa o suficiente.